quarta-feira, 17 de outubro de 2012
MEA CULPA
A palavra sai às pressas, sai corrida e atropela sem nem mesmo um dia ter querido atropelar. E resta, ao orador, tanto quanto ao ouvinte, dar um crédito ao seguinte que pegar a estrada do azar. Que o perdão seja meu pão, e que, quando me gritar a fome, encontre pelas vidas também outros pães.
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
Quero ter a minha dor e não me exijas
esse rasgo raso no rosto
por pena de dor que não é minha.
Mas se é o Ser o que somente contempla,
minha dor já não é minha
já não é tua, é além
posse responsável
doloso empenho aquém
Se me faz esse ignorante engenho
ruindo e rangindo - processo lento
é focada a virtude
já não há motivo de texto,
já não há sofrer, não se comporta o luto.
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
Reflexivos Lamentos
lamento I:
E somente os tristes serão respeitados, pois a felicidade, neste tempo de picardia, é leviana feiticeira.
lamento II:
Como pode, como?! Cada passo para solicitude assaz, tanto mais se derrama uma gota de azedume.
lamento III:
Tão assaltante a indelicadeza do medo.
lamento IV:
Feito ancora, feito lama de inverno, sentou a insensatez sobre a clara consciência.
lamento V:
Cala lamento, cala que teu propósito é surdo!
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Duo
O que conforta esta ida e vinda,
este constante choque térmico?
O limite entre os pedaços da queda
e a leve pluma, o leve pouso
este constante choque térmico?
O limite entre os pedaços da queda
e a leve pluma, o leve pouso
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Leviano reflexo, leviano espelho,
levemente flertei com minhas retinas.
E tudo feito luz num momento de lampejo,
foi-se raio no início da tempestade,
Foi-se estrondo um tanto tardio.
Percebi-me palpável só por querer
fiz-me pleno sem necessidade dos sentidos.
O Saber é então o que não me faz cativo,
foge, com a real percepeção, de todo cativeiro,
das cinco ilusórias moradas do desejo.
Leviano reflexo, leviano espelho,
laçado foi também o guerreiro
que alçou-se da carcaça
foi-se vento por demais
foi-se...
e nem crepúsculos, e nem alvoradas
acabou por perceber
o tudo que teve, um tanto perdido.
E qual é o patamar aceitável?
ora, sustenta tuas partes,
sede como a galhada!
Dedos de raizes
sólidos, palpáveis
copa infindável, aérea, inimaginada!
Corpo, leviatã passageiro.
levemente flertei com minhas retinas.
E tudo feito luz num momento de lampejo,
foi-se raio no início da tempestade,
Foi-se estrondo um tanto tardio.
Percebi-me palpável só por querer
fiz-me pleno sem necessidade dos sentidos.
O Saber é então o que não me faz cativo,
foge, com a real percepeção, de todo cativeiro,
das cinco ilusórias moradas do desejo.
Leviano reflexo, leviano espelho,
laçado foi também o guerreiro
que alçou-se da carcaça
foi-se vento por demais
foi-se...
e nem crepúsculos, e nem alvoradas
acabou por perceber
o tudo que teve, um tanto perdido.
E qual é o patamar aceitável?
ora, sustenta tuas partes,
sede como a galhada!
Dedos de raizes
sólidos, palpáveis
copa infindável, aérea, inimaginada!
Corpo, leviatã passageiro.
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